O que é uma resenha?


Como fazer uma resenha

Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc.
O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse conteúdo.
Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrição com momentos de crítica direta. O resenhista que conseguir equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.
No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos ao erro de sermos superficiais demais. Nosso texto precisa mostrar ao leitor as principais características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins, mas sem esquecer de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”.

Tipos de Resenha

Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.
Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais conhecida delas é a resenha acadêmica, que apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.
Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma produção completa:
  1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
  2. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser resenhado;
  3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
  4. Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
  5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.
  6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
  7. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.
  8. Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”
Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.
Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:
  1. Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
  2. Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
  3. Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
  4. Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
  5. Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.

Conclusão

Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.
As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.


Fonte: http://www.lendo.org/como-fazer-uma-resenha/

Modelos de Resenha:


Ilha das Flores
O documentário “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado produzido em 1989, é de uma rara profundidade que exprime toda a banalização a que foi submetida o ser humano, por mais racional que este seja. Um ácido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. A lamentável condição de subexistência dos habitantes da Ilha das Flores deixa as pessoas pasmas. A ideia do curta-metragem é mostrar o absurdo desta situação. Seres humanos que, numa escala de prioridade, estão depois dos porcos. Mulheres e crianças que, num tempo determinado de cinco minutos, garantem na sobra dos porcos (que por sua vez, alimentam-se da sobra de outros seres humanos com condições financeiras de escolher o alimento) sua alimentação diária.
A obra Ilha das Flores é rica em informações reais (às vezes chega a ter um caráter didático), e ao mesmo tempo, segue a trajetória fictícia de um tomate: plantado, colhido, vendido a um supermercado, comprado por uma dona-de-casa, rejeitado na hora de fazer um molho para o almoço, jogado no lixo, levado para a Ilha das Flores, rejeitado pelos porcos, e finalmente, encontrado por uma criança com fome.
A desigualdade social e toda perversidade de um sistema são provocadas justamente por seres humanos que procuram viver em seus casulos de forma egocêntrica e egoísta, fingindo não ver a realidade da exploração do homem sobre o homem, esquecendo-se da solidariedade e afeto entre seus semelhantes. Daí a afirmação no início do curta da nãoexistência de Deus. Infelizmente, explorar a miséria humana faz parte desse sistema, faz parte do “progresso natural da sociedade”. Uma prova disso é que o diretor não precisava ir tão longe para ver a crueldade e a miséria do homem, bastava colocar uma câmera em sua janela de casa.
A noção de progresso é o anteparo usado pelo filme para estabelecer propositalmente uma relação insolúvel na sociedade capitalista. A capacidade criativa e o decorrente progresso são conjugados com os diversos aspectos que envolvem a vida em sociedade. O lixo é capaz de unir- e não separar como normalmente – a “parte limpa” com a “parte suja” do filme. Logo, confirma-se uma incompatibilidade entre progresso e desenvolvimento humano. O espectador sente o sabor da simples profundidade sugerida pelo filme. É uma provocação ao raciocínio social imediato, à propriedade privada, ao lucro, ao trabalho, à exploração, à relação entre progresso criativo e, consequentemente, tecnológico (criação e evolução estão intimamente ligados) e ao desenvolvimento social e humano. Passados quase vinte anos após a sua produção, o curta ainda é bastante atual. O documentário é narrado pelo ator Paulo José e foi aclamado pela crítica, vencendo vários prêmios.
Rafael Calheiros
                              Fonte: http://cabecadedoido.wordpress.com/2007/08/11/resenha-ilha-das-flores/

A Invenção de Hugo Cabret
Martin Scorsese, por ter passado a sua infância num bairro pobre de descendentes italianos em Nova York, sabe bem o que é a figura de uma criança crescida na rua, muito embora ele, por causa da asma, tenha sido criado superprotegido pelos pais, mais na solidão, por não fazer nada físico e não brincar com as outras crianças. Em compensação, havia um ritual de ir sempre ao cinema com o pai, não importando que filme passava. Em A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (2011), encontramos algumas similaridades entre o cineasta e o protagonista, o garotinho órfão Hugo, que mora sozinho na torre de relógio de uma estação de trem na Paris da década de 1930. Para sobreviver, ele rouba comida e é constantemente perseguido pelo guarda (Sasha Baron Cohen). Não era o caso de Scorsese quando criança, mas interessante esse detalhe ser mostrado num filme que também é destinado ao público infantil. Mas estamos falando de Scorsese, o mestre dos filmes de gângster, e não poderia ser diferente.
Até porque essa situação do menino remete a O GAROTO, de Charles Chaplin, um entre os vários filmes homenageados em A INVENÇÃO DE HUGO CABRET. Além do mais, na filmografia de Scorsese há toda uma simpatia por tipos marginais. A imagem marginal de Hugo é suavizada pela figura do garoto de imensos e expressivos olhos azuis vivido por Asa Butterfield. Ele vive em solidão, mas é acostumado a ver o seu mundo como uma tela de cinema, através da torre de relógios da estação, como o filme faz questão de explicitar logo no início. Seu maior sonho é conseguir consertar um autômato, uma espécie de protótipo de robô, que escreveria algo, mas para isso seria necessário algumas peças, que ele procura roubar da banquinha de um velho senhor vivido por Ben Kingsley.
Esse senhor é ninguém menos que Georges Méliès, o pai do cinema narrativo, mais conhecido mundialmente como o diretor de VIAGEM À LUA, filme que carrega consigo uma das imagens mais icônicas do século XX – a de um foguete penetrando o olho da Lua. Méliès é a razão de ser do filme. O personagem, amargurado por ter sido esquecido pela sociedade e não querendo mais lembrar de seus tempos gloriosos, anteriores à Primeira Guerra, aos poucos vai conquistando o espectador, até o que eu considero o momento mais emocionante do filme.
Enquanto isso, é a aventura de Hugo e de sua primeira amiguinha, a garotinha que mora na casa de Méliès vivida por Chloë Grace Moretz (de KICK-ASS e DEIXE-ME ENTRAR), que dá o tom e que ganha o filme para as plateias menores. Aliás, HUGO já conquista o espectador de todas as idades com o rapidíssimo travelling inicial, nos apresentando a estação. Mas nada como compartilhar a descoberta do cinema pela menina, vendo pela primeira vez um filme na telona (uma comédia de Harold Lloyd, que mais à frente veremos que tem tudo a ver com HUGO e que foi homenageada também em DE VOLTA PARA O FUTURO); e depois ver os dois lendo um livro de História do Cinema numa biblioteca.
Assim, homenageando os irmãos Lumière e principalmente Méliès, A INVENÇÃO DE HUGO CABRET abraça as duas formas de se fazer cinema. Tudo a ver com esse atual momento de Scorsese de também se dedicar à direção de documentários. Assim, a realidade e a fantasia se misturam e se completam de forma mágica nesse belo e luminoso filme.
A INVENÇÃO DE HUGO CABRET recebeu onze indicações ao Oscar, nas categorias de filme, direção, roteiro adaptado, fotografia, direção de arte, figurino, montagem, trilha sonora, edição de som, mixagem de som e efeitos visuais.
Ailton Monteiro
      Fonte: http://scoretracknews.wordpress.com/2012/02/20/resenha-a-invencao-de-hugo-cabret-filme-em-destaque/

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