Noiva "degolada". Excelente, para filme de terror. |
Tudo
o que escrevo é baseado em experiências vividas, quer seja trabalhando
ou apenas observando. Foi assim que cheguei nesta postagem.
Uma
boa composição é o que difere uma boa imagem de uma imagem ruim. É
importante saber como enquadrar uma pessoa ou objeto em uma cena. As
regras criadas na fotografia são extensivas ao vídeo e esse papo de que
devemos quebrá-las só cabe a quem tem bom gosto, conhecimento técnico e
sensibilidade a estética. Fora isso, corre-se o risco de fazer
enquadramentos sem nexo, tirar a atenção do espectador a outros pontos
que não são importantes na cena, além de deixar o trabalho visualmente
amador ou completamente sem sentido. “Fotografia é uma arte e é assim que deve ser encarada”
O
enquadramento de uma determinada cena em vídeo deve ser avaliada quando
estabilizamos a cena ou temos o quadro parado. Durante os movimentos a
avaliação é bem subjetiva e será assunto de outra postagem.
Dica
do Keko: Ao quebrar alguma regra, verifique se a mesma não quebrou a
harmonia da cena, não causou incomodo visual ou desviou o olhar para
outro ponto fora do interesse.
Sentido de leitura
Na nossa cultura do ocidente, nosso sentido de leitura é sempre da esquerda para a direita e de cima para baixo. Por isso a Globo usa sua marca d’agua no canto esquerdo inferior da tela. É discreta e não incomoda. Com a fotografia é a mesma coisa, lemos a imagem da mesma forma. Sabendo disso podemos direcionar o olhar do espectador da imagem da esquerda para a direita, provocando seu olhar ao ponto de interesse que queremos que ele observe.
Quando colocamos um objeto ou pessoa do lado esquerdo da imagem, existem técnicas que conduzem o olho do espectador diretamente para a cena em destaque. Assim este olhar vai observar primeiramente o que você quer na cena, depois o que aparece ao redor.
Quando colocamos um objeto ou pessoa do lado esquerdo da imagem, existem técnicas que conduzem o olho do espectador diretamente para a cena em destaque. Assim este olhar vai observar primeiramente o que você quer na cena, depois o que aparece ao redor.
Ponto de interesse
É
toda finalização de cena que dirige o olhar do espectador ao assunto
que você quer mostrar. O espectador até pode observar outros pontos mas
o objetivo é conduzir o primeiro olhar ao foco principal. O que o
cinegrafista deve ter em mente, durante todo o processo de gravação, é
onde ele quer conduzir o olhar de seu espectador. É algo psicológico e
automático. Com a técnica correta, observamos primeiro o que o
cinegrafista quer nos mostrar. Se a cena for curta, o espectador não
terá tempo de olhar outra coisa. Somente o alvo.
Na imagem do casal, nosso olhar vai
direto para os rostos do casal, depois para as mãos. Este é o ponto de
interesse. Perceba que quando esta imagem suge diante de seus olhos,
você vai direto para o rosto. Se o take demorar mais, aí nosso olhar começará a explorar mais a cena, observando a natureza de background.
Durante
a produção de um clipe de noiva e making of, o senso de enquadramento
do cinegrafista deve estar mais apurado, senão corre o risco de mostrar
tudo no ambiente, menos o foco principal, os noivos.
Dica
do Keko: Transforme o ato de filmar em algo consciente, e verá que o
resultado final será bem melhor do que ficar filmando a esmo, sem
compreender o evento como um todo.
Regra dos terços
Essa
é a mais famosa regra de enquadramento. Dizem que quem a criou foi
Leonardo da Vinci. Por isso ela começou a ser usada em pinturas, depois
foi para a fotografia e logo em seguida para o vídeo. Com ela em mente
evitamos cenas extremamente centralizadas e permite distribuir melhor as pessoas ou objetos dentro do frame.
Mas entenda que a regra é entender a regra e saber como e quando
quebrá-la. Por isso o bom senso e experiência devem estar sempre
startados. E também que não é proibido centralizar, mas cenas
descentralizadas tendem a criar uma visão mais ampla do que queremos
mostrar.
Esta regra consiste em dividir a cena em duas linhas horizontais e verticais. Na filmadora você pode ativá-la na opção “grid”.
Na junção destas linhas é que faremos a composição da nossa cena.
Assim poderemos distribuir e enquadrar nosso alvo de forma agradável.
Distribuindo os objetos através dos terços, criamos imagens mais dinâmicas e agradáveis de se ver, deixando a cena bem mais harmoniosa.
Tanto vale para natureza como para pessoas. Posicione a pessoa ou
objeto sempre mais ao lado das linhas e não no centro da cena. As linhas
ainda lhe ajudarão a manter a linha do horizonte na posição correta.
Claro que você poderá fazer imagens viradas, fora da linha do horizonte,
mas elas ficarão claras da sua intenção e o espectador entenderá que
não foi barbeiragem.
Ponto de Ouro
No
encontro das linhas dos terços encontramos os pontos de ouro. Nestes
encontros localizamos pontos de grande interesse dos olhos humanos. Na
foto abaixo é onde marquei com os pontos vermelhos. Objetos, detalhes e
cenas que estiverem neste ponto, chamarão a atenção do seu espectador.
Repare
nesta cena. O ponto de ouro está exatamente no rosto da noiva e no
buquê. É onde primeiramente nossos olhos irão decupar a cena. Se o take
for mais longo, logo em seguida iremos explorar visualmente outros
pontos da cena.
Se
fizermos uma cena de close de rosto, colocamos ali os olhos da pessoa.
Se for uma cena de meio corpo, posicionamos no ponto de ouro o centro do
rosto, se for de corpo inteiro a cabeça.
Se
sua cena for com objetos, como um buquê, as alianças, o sapato da
noiva, o ideal é que eles estejam posicionados em um dos 4 pontos de
ouro. Tudo o que você quiser dar um destaque maior, coloque ali naqueles
pontos, lembrando sempre da leitura de nossos olhos, que começam sempre
pelo canto superior esquerdo.
Safe Area ou Limite de imagem
A
safe area é uma linha limítrofe entre o que vai ser enquadrado e o que
vai aparecer efetivamente na TV da casa do cliente. Foi criado no início
das transmissões televisivas para que o operador de câmera soubesse que
5% das imagens laterais não iriam aparecer na casa dos telespectadores.
Com o advento da tela de LCD quase tudo o que filmamos aparece na
transmissão (há ainda uma perda de 1%). Mesmo assim devemos respeitar
este limite pois cenas muito encostadas na borda da tela dão um incomodo
visual a quem assiste.
Planos e enquadramentos
Quando
afastamos a câmera em relação ao nosso alvo, levando-se em conta todas
as regras citadas acima, devemos lembrar que nossa cena um possui uma
narrativa, um conteúdo dramático próprio. E é aí que muita gente,
incluindo muito “Ás” da fotografia e filmagem, acabam querendo fugir das
regras e transformam suas cenas em enquadramentos incômodos e
agressivos. Fugindo da unidade de linguagem.
Para os planos de enquadramento, definimos como gerais, médios e primeiros planos.
Enquadrar
o nosso centro de interesse focalizando objetos em “Primeiro Plano”,
nos dá sensação de profundidade. Falamos também de “Segundo Plano”
quando enquadramos assuntos, pessoas ou objetos, que aparecem por trás
da cena principal.
Cena de um plano geral onde o ambiente de fundo faz a composição da cena |
Grande
Plano Geral (GPG) – O ambiente é o foco principal. Se seu assunto fizer
parte da cena, deixe claro que ele está dominado por este ambiente.
Mas não o subestime, valorize seu assunto neste vasto ambiente. Muito
usado para externas e making of com o casal.
Plano
Geral (PG) – Aqui, o ambiente divide a cena com o assunto. Há um
equilíbrio entre ambos. Mostra tanto o cenário em que ocorre a cena
quanto seu assunto principal, mostrando uma interação entre ambos.
Plano
Médio (PM) – É o enquadramento em que o seu assunto principal preenche
toda a cena. Pode ser inteiro, dos pés na parte inferior do
enquadramento até a cabeça no alto do enquadramento. Ou mesmo da cintura
para cima.
Primeiro
Plano (PP) – Enquadra o assunto dando destaque as expressões, gestos,
emoções. Neste tipo de enquadramento você quer mostrar apenas seu
assunto e seu comportamento. Nada mais.
Plano
de Detalhe (PD) – Você dá destaque a parte do corpo. Olhos, boca, mãos,
pés. Dentro desde enquadramento deve-se respeitar a harmonia da cena e
sempre ter em mente a regra dos terços e o ponto de ouro.
Enquadramentos
– Este é o nosso foco central nesta postagem.Então citarei o que não se
deve fazer jamais, mesmo que você ache que a moda é quebrar as regras.
Lembre-se: Para se quebrar regras tem que ter atitude, bom gosto e
conhecimento total delas. Senão você será mais um amador tentando dar
uma de profissional.
Jamais
corte ou finalize suas cenas nos membros, como mãos (no meio do punho)
ou dedos, cabeça (deixando apenas o pescoço), a boca na horizontal,
olhos na horizontal, corte no meio das coxas, corte das panturrilhas e
canelas. Mesmo se o vídeo for para demonstrar ou apresentar algum
produto, como vestido ou bijuteria, valha do bom senso.
É
melhor mostrar um colar enquadrando a partir dos seios até entre os
lábios e o nariz do que simplesmente “degolando” a modelo, se
preocupando apenas com o pescoço.
A regra é clara
Se a cena causar algum desconforto durante a observação ou se o olhar não focar no assunto proposto, mude o enquadramento. Busque a melhor estética. Seja ovacionado pela criatividade do enquadramento e não pela mediocridade da falta de conhecimento.
Se a cena causar algum desconforto durante a observação ou se o olhar não focar no assunto proposto, mude o enquadramento. Busque a melhor estética. Seja ovacionado pela criatividade do enquadramento e não pela mediocridade da falta de conhecimento.
A
filmadora tanto pode estar posicionada na mesma altura do seu assunto
quanto abaixo ou acima dele. Ao registrarmos a cena de cima para baixo
ou de baixo para cima, temos que conhecer qual a impresão que queremos
passar com o enquadramento. Há uma linguagem muito subjetiva por trás
desdes ângulos, o que pode fazer diminuir a pessoa que está em cena (que
pode causar idéias negativas como fraqueza e desprezo) ou até o inverso
(de domínio e arrogancia). Sempre estude em que contexto você vai
captar estas imagens. E sempre procure novos ângulos e posicionamentos
que não firam as regras de bom senso e gosto. São de pequenos detalhes
que são construidas as grandes imagens.
Um belo enquadramento com harmonia entre ambiente e assunto |
Conclusão
Assim
finalizo esta matéria, mostrando que você pode ser inovador respeitando
as regras e as quebrando de vez em quando. Sabendo que para quebrá-las
você tem que ter o conhecimento pleno da função de cada uma. Até para
se quebrar há regras!
Em
sua proxima gravação, pense em cada enquadramento que irá fazer e tente
analisar de forma crítica cada cena gravada. Tenha certeza de uma
coisa. Quanto mais você tiver conhecimento e preocupação com os mínimos
detalhes, mais sua obra aparecerá e seu trabalho se valorizará.
Não
pare de estudar nunca. Os que pensam que acham que sabem alguma coisa,
quando criticados, perdem a oportunidade de aprender e ficam
justificando seus próprios erros. Saia da roda viva e parta para o
topo!
...
Fonte: http://kekosinclair.blogspot.com.br/2011/06/enquadramento-pecados-imperdoaveis.html
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